sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Técnica brasileira evita emissão de mercúrio no meio ambiente.

Além de poluir o meio ambiente, o uso e a emissão de mercúrio podem causar sérios danos à saúde humana. Mesmo em pequenas doses, a substância metálica tem facilidade para atingir e lesar as células do Sistema Nervoso Central, inibir enzimas e destruir proteínas, alterando o sistema imunológico. Pensando nisso, pesquisadores da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) desenvolveram um sistema que remove o mercúrio de efluentes líquidos e do petróleo, evitando o passivo ambiental produzido nos métodos tradicionais.

Sem resíduos

Há cerca de oito anos, as pesquisadoras Vera Salim e Neuman Solange de Resende, do Programa de Engenharia Química da Coppe, iniciaram a pesquisa em processos de descontaminação de mercúrio. Em março de 2008, o projeto ganhou o apoio da Petrobras, prometendo reduzir o impacto ambiental da contaminação do mercúrio no ar, na água e no solo. "A motivação foi a presença de petróleo contaminado numa refinaria da Petrobras, que embora não estivesse mais sendo processado, representava um passivo ambiental naquela unidade", afirma Neuman, coordenadora técnica do projeto.
No sistema concebido no Laboratório de Fenômenos Interfaciais do instituto, o gás contaminado passa por uma coluna com adsorvente (sólido a base de fosfato), que capta o mercúrio sem gerar resíduo. "A grande vantagem em relação aos métodos convencionais é que esse sistema possibilita a fixação do mercúrio na estrutura do sólido adsorvente, evitando a recontaminação e os eventuais procedimentos de gerenciamento do material tóxico produzido", explica Neuman.
Índices preocupam

As atividades industriais e a queima de combustíveis fósseis são responsáveis pela emissão de altas taxas de mercúrio no meio ambiente. Segundo mapeamento do Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas (UNEP), estima-se um aumento de 1480 toneladas emitidas em 2005 para 1850 toneladas em 2020 nos níveis mundiais de mercúrio, atingindo regiões até então pouco afetadas como alguns países da América do Sul. Entre os países com índices mais altos de mercúrio no mundo estão China, Índia e Estados Unidos. O Brasil aparece em sétimo lugar.
Emissão sob controle

É pelas características físico-químicas, que o mercúrio é considerado um poluente de elevada toxicidade e por isso são cada vez mais importantes ações efetivas pela eliminação do uso e das emissões de mercúrio, como o sistema desenvolvido pelo Coppe. "Necessita-se de uma redução efetiva do uso de mercúrio para fins industriais e investimentos em gerenciamento das emissões. Setores acadêmicos, governamentais e industriais devem unir esforços na busca e execução de soluções", defende a pesquisadora Neuman Solange de Resende.
Data: 07/10/2010 / Fonte: Redação Revista Proteção

Resgate de operários em mina chilena incentiva pesquisas.

Chile - Resistir a um desabamento em uma mina de cobre e ser resgatado a 700 me­tros de profundidade, passados três me­ses, parece pouco crível. No Chile, graças à tecnologia, esse é um milagre possível. Quando novembro chegar, 33 mineiros devem voltar à superfície, retirados de um pequeno refúgio, onde ficaram isolados desde o desmoronamento na mina San Jose, em Copiapó.
Será a realização de um sonho que pa­recia irreal em 5 de agosto, dia do incidente. Após duas semanas, já falava-se em tragédia e poucos apostavam em sobreviventes. Tudo mudou ­quan­­­do um papel amassado trazia, em tinta vermelha, 17 dias depois, as palavras de alívio: "Estamos bem no refúgio, os 33".
O recado enviado por um túnel de oito centímetros já existente disparou uma operação tecnológica em três frentes. Ba­tizados de Planos "A", "B" e "C", três máquinas diferentes perfuram dutos com cerca de 70 centímetros de diâmetro que acessarão os operários. Por ali, um a um, os mineiros serão retirados com o auxílio de uma cápsula de ­resgate.
Avisados de que a operação poderia durar até quatro meses, coube aos traba­lhadores encarar o desafio da adaptação à convivência forçada, à saudade de parentes, ao sono instável, à pouca ilumina­ção, ao desconfortável ca­lor e à alimentação regulada, enviada pe­lo mesmo túnel por onde informaram estar vivos.
Para o resgate, eles foram divididos em três grupos. Os qualificados serão os primeiros a sair, pois podem superar contratempos no duto ou na cápsula e dar sua experiência aos colegas e aos res­gatistas. Os candidatos são Édison Pena, desportista que percorre 10 quilômetros por dia na mina e Alex Vega, que possui experiência em resgates.
Depois, será a vez dos mais velhos e dos doentes. Nesse grupo, estão o diabé­tico José Ojeda, o hipertenso Jorge Gal­leguillos e o veterano Mario Gómez, de 63 anos. Por fim, serão resgatados os ca­­pazes de suportar a ansiedade até o término da operação. O gerente de turno, Luis Urzúa, deve ser o último a sair.
CápsulaO resgate por cápsulas já havia sido realizado em 2002, na mina Quecreek, nos EUA (com nove mineiros a 80 me­tros de profundidade). Na época, lembra Carlos Barbouth, presidente da Sur­vival Systems do Brasil e representante da Con-Space para a América Latina, os sinais vitais dos operários foram detectados por sensores acústicos. Hoje, fibras óticas e equipamentos permitem ver e dialogar. "Inclusive, a cápsula utilizada foi bem menos sofisticada que a de agora", afirma.
Batizada de Fênix, a cápsula chilena tem 2,5 metros de altura e 54 centímetros de largura. Pesa 250 quilos, possui estrutura em aço, saída de emergência, capacidade para 100 quilos, manta térmica, suprimento de oxigênio para três horas e sistema de comunicação.
Para Barbouth, a tecnologia de comunicação sai valorizada do episódio. Ele reitera que as inovações têm um custo, mas que ele será sempre menor que a re­mediação, como agora. "As lições de Copiapó vão ser analisadas e muita coisa deverá mudar, tanto na normativa quanto na prática", acredita.Por fim, esclarece que o resgate ­ocorre em um espaço confinado, pois o desaba­mento bloqueou a saída da mina e, assim, reativou riscos atmosféricos, quími­cos, biológicos, de comunicação e ilumi­nação, típicos do ambiente ­confinado.O monitoramento de parte desses riscos tem suporte brasileiro. Técnicos das bases chilenas da Suatrans Emergên­cias Químicas auxiliam no controle da atmosfera dentro da mina. Com equipamentos de medição, eles verificam o ní­vel de oxigênio e a concentração de ou­tros gases, prevenindo acidentes e pro­blemas respiratórios. A empresa já ha­via auxiliado o Chile em fevereiro, após terremoto de 8,8 graus.
Data: 11/10/2010 / Fonte: Revista Emergência

NR 15 pode ser revisada.

Uma nova discussão pode começar na CTPP (Comissão Tripartite Paritária Permanente). Trata-se de uma proposta do DSST (Departamento de Segurança e Saúde no Trabalho) para a atualização do Anexo I, da NR 15, que trata especificamente da exposição ocupacional ao ruído contínuo ou intermitente. A Nota Técnica 308 foi encaminhada à Comissão em setembro, propondo a alteração. O conteúdo da proposta, no entanto, já preocupa especialistas de Higiene Ocupacio­nal, apesar de haver consenso entre os profissionais que atuam na área de que a Norma precisa ser atualizada.O higienista ocupacional Marcos Domingos aponta erros na Nota Técnica, que afirma que os atuais limites de tolerância da NR 15 são originários do NIOSH. "Na verdade vieram dos TLVs (Threshold Li­mit Values) da ACGIH (American Confe­rence of Governmental Industrial Hygie­nists) de 1977/1978", explica. Outro problema é que as referências bibliográficas citadas têm mais de 12 anos de existência, incluindo a ISO 1999, datada de 1990.Na avaliação do especialista, os problemas prosseguem na proposta de portaria para alterar o texto do Anexo I. Um ­deles é que a tabela de limites de tolerância co­meça em 85 dB-A e desconsidera níveis importantes para a prevenção, que estão na faixa de 80 a 85 dB-A. Já o fato da tabe­la de limites de tolerância acabar em 110 dB-A pode ser um problema para quem não tem uma instrumentação moderna.Domingos ainda vê negativamente o fato de não tratar de ruído de impacto e não se definir a expressão dose. A adoção da metodologia da NHO 001 da Fun­dacentro, especialmente o NEN (Nível de Exposição Normalizado), que pressupõe medições entre 80 e 115 dB-A, também preocupa. "Como fazer com os valores de 80 a 85 e de 110 a 115 dB-A?", questiona.
Data: 11/10/2010 / Fonte: Revista Proteção