domingo, 28 de março de 2021

Por que o canal de Suez é tão importante e como seu bloqueio afeta o mundo?

 

O Canal de Suez, no Egito, é uma das principais travessias marítimas do mundo para o transporte de mercadorias e matérias-primas.


Desde terça-feira (23.MAR.2021), a passagem pelo canal está bloqueada pelo cargueiro Ever Given, que encalhou devido a uma falha técnica ou humana e gera preocupação em todo mundo por bloquear a passagem dos demais navios.



O Ever Given, que tem 400 metros de largura (quase quatro campos de futebol), ficou atravessado diagonalmente dentro do canal que não tem mais de 200 metros de largura, bloqueando o tráfego nos dois sentidos. Foto: Reuters


O Canal de Suez é um canal navegável de 193 quilômetros de extensão localizado no Egito que conecta o Mar Mediterrâneo ao Mar Vermelho. Atualmente, administrada pelo governo do Egito, que no ano passado recebeu US$ 5,61 bilhões em receita de pedágios.


Inaugurada no século 19, em 1869, é uma das principais artérias econômicas do mundo, já que por ela passa mais de 12% do comércio mundial, segundo dados da Autoridade do Canal de Suez. A rota é vital para as cadeias de suprimentos no mundo todo.


Seu valor está no fato de oferecer aos navios de carga uma rota entre a Ásia, o Oriente Médio e a Europa sem ter que contornar o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África. Isso permite que os navios economizem quase 9 mil quilômetros em cada sentido, reduzindo a distância em 43%, segundo dados do World Maritime Transport Council (WSC), instituição que representa as principais empresas de transporte marítimo de carga.


O Ever Given – que cumpria a rota Malásia-Holanda – colidiu com a lateral do canal na terça-feira (23) quando, de acordo com a Autoridade do Canal de Suez, foi engolfado por ventos de 40 nós e uma tempestade de areia que comprometeu a visibilidade. Em meio à luta para empurrar o navio de volta ao curso normal, dezenas de embarcações ficaram presas em um engarrafamento marítimo.

O Ever Given, de 400 metros de comprimento, ficou preso na diagonal de uma seção sul do canal, interrompendo o tráfego de navios no canal. Se demorar muito a desobstrução do canal, analistas apontam para risco de falta de produtos e impacto nos preços do petróleo e de outras commodities. 

O bloqueio interrompeu a passagem entre a Ásia e a Europa de mercadorias avaliadas em US$ 9,6 bilhões por dia, segundo a consultoria Lloyd's List Intelligence, pois quase 237 navios esperavam para passar por ali. Os prejuízos chegam a US$ 400 milhões por hora.

A imagem à esquerda mostra navios esperando para passar pelo Canal de Suez no domingo, 21 de março. A imagem à direita mostra os barcos na quinta-feira, 25 de março, dois dias depois que o Ever Given encalhou. Foto: Reuters

Com o congestionamento de navios, a normalização do tráfego pode levar semanas, já que uma travessia feita com segurança leva cerca de 15 horas. Alguns navios já cogitavam contornar o sul da África, como o Ever Greet, também da Evergreen, segundo a Lloyd's List, embora a travessia leve quase 12 dias a mais.

Dado o tráfego intenso no Canal de Suez – em tempos normais, a média é de 106 porta-contêineres e navios de cruzeiro por dia – talvez seja até surpreendente que esse tipo de incidente não aconteça com mais frequência.

A Evergreen, empresa dona do navio gigante, está enfrentando milhões de dólares em indenizações de seguros e o custo de serviços de salvamento de emergência.