O Canal de Suez, no Egito, é uma das principais
travessias marítimas do mundo para o transporte de mercadorias e
matérias-primas.
Desde terça-feira
(23.MAR.2021), a passagem pelo canal está bloqueada pelo
cargueiro Ever Given, que encalhou devido a uma falha técnica ou humana
e gera preocupação em todo mundo por bloquear a passagem dos demais navios.
O Ever
Given, que tem 400 metros de largura (quase quatro campos de futebol), ficou
atravessado diagonalmente dentro do canal que não tem mais de 200 metros de
largura, bloqueando o tráfego nos dois sentidos. Foto:
Reuters
O Canal de Suez é um canal navegável de 193
quilômetros de extensão localizado no Egito que conecta o Mar Mediterrâneo ao
Mar Vermelho. Atualmente, administrada pelo governo do Egito, que no ano passado
recebeu US$ 5,61 bilhões em receita de pedágios.
Inaugurada no século 19, em 1869, é uma das
principais artérias econômicas do mundo, já que por ela passa mais de 12% do
comércio mundial, segundo dados da Autoridade do Canal de Suez. A rota é vital
para as cadeias de suprimentos no mundo todo.
Seu valor está no fato
de oferecer aos navios de carga uma rota entre a Ásia, o Oriente Médio e a
Europa sem ter que contornar o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África.
Isso permite que
os navios economizem quase 9 mil quilômetros em cada sentido, reduzindo a
distância em 43%, segundo dados do World Maritime Transport Council (WSC),
instituição que representa as principais empresas de transporte marítimo de
carga.
O Ever Given – que cumpria a rota Malásia-Holanda –
colidiu com a lateral do canal na terça-feira (23) quando, de acordo com a
Autoridade do Canal de Suez, foi engolfado por ventos de 40 nós e uma
tempestade de areia que comprometeu a visibilidade. Em meio à luta para
empurrar o navio de volta ao curso normal, dezenas de embarcações ficaram
presas em um engarrafamento marítimo.
O
Ever Given, de 400 metros de comprimento, ficou preso na diagonal de uma seção
sul do canal, interrompendo o tráfego de navios no canal. Se demorar muito a desobstrução do canal, analistas
apontam para risco de falta de produtos e impacto nos preços do petróleo e de
outras commodities.
O bloqueio
interrompeu a passagem entre a Ásia e a Europa de mercadorias avaliadas em US$
9,6 bilhões por dia, segundo a consultoria Lloyd's List Intelligence, pois
quase 237 navios esperavam para passar por ali. Os prejuízos chegam a US$ 400
milhões por hora.
A
imagem à esquerda mostra navios esperando para passar pelo Canal de Suez no
domingo, 21 de março. A imagem à direita mostra os barcos na quinta-feira, 25
de março, dois dias depois que o Ever Given encalhou. Foto:
Reuters
Com o
congestionamento de navios, a normalização do tráfego pode levar semanas, já
que uma travessia feita com segurança leva cerca de 15 horas. Alguns navios já
cogitavam contornar o sul da África, como o Ever Greet, também da Evergreen,
segundo a Lloyd's List, embora a travessia leve quase 12 dias a mais.
Dado o
tráfego intenso no Canal de Suez – em tempos normais, a média é de 106
porta-contêineres e navios de cruzeiro por dia – talvez seja até surpreendente
que esse tipo de incidente não aconteça com mais frequência.
A Evergreen,
empresa dona do navio gigante, está enfrentando milhões de dólares em
indenizações de seguros e o custo de serviços de salvamento de emergência.