quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Síndrome de Burnout. Você sabe o que é?

Desde o início da humanidade o homem tem uma relação direta com o trabalho. Primeiramente tratava-se de ser uma questão de sobrevivência. Posteriormente o trabalho passou a ser remunerado e homem buscava ter qualidade de vida para si e sua família.

Ninguém discute que o trabalho ocupa um papel preponderante na vida do homem, sendo fator relevante na formação de sua identidade e na inserção do seu papel social. Sabe-se da importância do bem estar do indivíduo dentro da perspectiva pessoal e profissional, para que este possa realizar o seu trabalho com competência e êxito.

Com a evolução do mundo, e consequentemente as necessidades do homem também evoluíram. Isto fez que o homem moderno, muitas vezes encontra dificuldade em dar sentido à vida. Deste modo, o trabalho tem um significado importante de necessidade e muitas vezes de razão de viver, podendo gerar um grau de envolvimento, tempo e energia maior do que as necessidades pessoais, lazer, convívio com a família e outras atividades.

Porém devemos ficar atentos quando a dedicação exagerada à atividade profissional, o desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho, pois são características marcantes da síndrome de Burnout. O portador desta síndrome mede a auto-estima pela capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com satisfação e prazer, termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse estágio - necessidade de se afirmar - o desejo de realização profissional se transforma em obstinação e compulsão. Trata-se de uma doença psicológica caracterizada pela manifestação inconsciente do esgotamento emocional. Tal esgotamento ocorre por causa de grandes esforços realizados no trabalho que fazem com que o profissional fique mais agressivo, irritado, desinteressado, desmotivado, frustrado, depressivo, angustiado e que se avalia negativamente, e principalmente a perda consideravelmente seu nível de rendimento e de responsabilidade para com as pessoas e para com a organização que faz parte.

O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço. Também chamada de síndrome do esgotamento profissional, surgiu em meados da década de 70, nos Estados Unidos, em busca de resposta ao processo de deterioração, nos cuidados e atenção profissional aos trabalhadores de uma organização. Sendo definida como esgotamento profissional, uma síndrome psicológica decorrente da tensão emocional crônica no trabalho, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino, Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, e a definiu como "(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional".

O ambiente de trabalho e as condições organizacionais são fundamentais para que a síndrome se desenvolva, mas a sua manifestação depende muito mais da reação individual de cada pessoa frente aos problemas que surgem na rotina profissional. A sensação de inadequação na empresa e o sofrimento psíquico intenso desembocam geralmente nos sintomas físicos, quando não dá mais para disfarçar a insatisfação, porque afetou a saúde.

SINTOMAS

Estudos demonstram que Burnout é a síndrome do final do século XX, atingindo trabalhadores em diversas profissões. Trata-se de um problema que afeta principalmente os trabalhadores encarregados de cuidar de outros (caregivers), como profissionais da área da educação, saúde, policiais e agentes penitenciários, entre outros, profissões que possuem intenso e constante contato interpessoal. É uma experiência subjetiva interna que gera sentimentos e atitudes negativas no inter-relacionamento do trabalhador com seu trabalho, gerando insatisfação, desgaste, perda do comprometimento, minando seu desempenho profissional. Suas conseqüências podem ser o absenteísmo, abandono do emprego, baixa produtividade.

São psicossomáticos os sintomas associados a Burnout, onde o trabalhador portador desta síndrome pode apresentar manifestações fisiológicas como cansaço, dores musculares, falta de apetite, insônia, frieza, fortes dores de cabeça frequente, tonturas, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldades respiratórias, problemas digestivos, dificuldade de concentração, gastrite e ulcera, diarréias, crises de asma, palpitações, hipertensão, maior freqüência de infecções, alergias, suspensão do ciclo menstrual em mulheres. Comportamentais, estando entre estes, o absenteísmo, isolamento, violência drogadição, incapacidade de relaxar, comportamento de risco. Emocionais sinais de impaciência, distanciamento afetivo, sentimento de solidão, sentimentos de alienação, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, sentimento de impotência, desejo de abandonar o emprego, decréscimo do envolvimento de trabalho, baixa auto-estima, dúvidas de sua própria capacidade e sentimento de onipotência. E, por fim, as defensivas, envolvendo negação de emoções, ironia, atenção seletiva, hostilidade, apatia e desconfiança.

Os sintomas e as causas podem variar de acordo com as características de cada pessoa e das circunstâncias em que esta se encontra, sendo que os graus de manifestações podem apresentar-se de forma diferente.

Tendo em vista que a Síndrome é ocasionada por situações relacionadas ao trabalho, muitas vezes são confundidas, Burnout e estresse ou depressão. Entretanto, Burnout não é o mesmo que estresse ocupacional, mas sim, a resultante de um longo processo de tentativas de lidar com determinadas condições de estresse.

A síndrome de Burnout diferencia-se da depressão porque as pessoas acometidas da síndrome o desapontamento e a tristeza no trabalho são marcantes ao contrário da depressão abrange uma tristeza e embotamento afetivo em todas as situações vivenciadas.

ESTÁGIOS

São doze os estágios de Burnout: necessidade de se afirmar; dedicação intensificada - com predominância da necessidade de fazer tudo sozinho; descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido; recalque de conflitos - o portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando ocorrem as manifestações físicas; reinterpretação dos valores - isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização: lazer, casa, amigos, e a única medida da auto-estima é o trabalho; negação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes; recolhimento; mudanças evidentes de comportamento; despersonalização; vazio interior; depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido; e, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência.

O tratamento para a doença é variável, pois podem ser iniciados a partir de fitoterápicos, fármacos, intervenções psicossociais, afastamento profissional e readaptações. É importante ressaltar que a Síndrome de Burnout é diferente da depressão, pois a síndrome está diretamente ligada com situações ligadas ao trabalho, enquanto a depressão está ligada a situações pessoais relacionadas com a vida da pessoa.

O tratamento da síndrome de Burnout é essencialmente psicoterapêudico. Mas, em alguns casos, pode-se lançar mão de medicamentos como ansiolíticos ou antidepressivos para atenuar a ansiedade e a tensão, sendo sempre necessária a avaliação e, no caso medicamentoso, a prescrição feita por um médico especialista. No processo psicoterapêutico, além do enfoque individual é necessário também a reflexão e um redimensionamento das atitudes relativas à atividade profissional, objetivos de vida e cuidados com a autoestima e com sentimentos mais profundos de aceitação.

No Brasil, a Previdência Social já classifica a síndrome como doença profissional incluindo-a no grupo V da Classificação Internacional de Doenças (CID) 10 que indica no inciso XII a síndrome de Burnout como síndrome do Esgotamento Profissional e também como Sensação de Estar Acabado. O profissional tem direito a afastar-se uma vez que tenha sido diagnosticada a síndrome.

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