terça-feira, 20 de outubro de 2009

Câncer relacionado ao trabalho é debatido no Senado Federal.

Brasília/DF - O tema câncer relacionado ao trabalho, debatido no Senado Federal (30/9), auditório Antonio Carlos Magalhães, faz parte de uma das pautas prioritárias do governo federal, com apoio do PNUD, Íntegra Brasil, Interlegis, INCA e com a participação da Fundacentro.

Diante da relevância do tema, foram convidados para promover o debate, gestores públicos e especialistas de instituições da Saúde, Trabalho e do Poder Legislativo, para juntos contribuírem na contextualização do tema, fornecimento de dados, retrospectivas e perspectivas na área da prevenção da saúde ocupacional e pública, bem como ajudar na identificação de soluções para a redução dos riscos.

Pesquisa da Organização Mundial da Saúde mostra que países em desenvolvimento representam 40% como uma das principais causas de morte, o câncer. Seguido dessa estimativa, quase 2 bilhões de reais são gastos em casos de câncer, segundo dados de 2006 do DATASUS.

Segundo dados apresentados por Zuher Handar, representante da Organização Internacional do Trabalho e palestrante, o panorama mundial dos acidentes de trabalho é de que 32 % das mortes estão associadas ao câncer, diante de 160 milhões de novos casos diagnosticados. A Convenção 139, ratificada pelo Brasil, em 7 de maio de 1990, coloca que onde haja a presença de agentes cancerígenos e que exponham os trabalhadores, deverão ser substituídas por substâncias ou agentes menos nocivos.

Nessa mesma linha de agentes nocivos, encontram-se os agrotóxicos no Brasil, 1º consumidor do produto no mundo.

A pesquisa da professora e doutora adjunta da Universidade Federal de Minas Gerais, Jandira Maciel, intitulada: “Agrotóxicos no Brasil”, estabelece a relação entre cânceres e agrotóxicos e mostra que há um duplo perfil epidemiológico associado às classes sociais -, quanto maior o poder aquisitivo, menor a taxa de incidência, e quanto menor o poder aquisitivo, maior a taxa de incidência. “Precisamos pensar na ocupação das diferentes classes sociais, comparar o estilo de vida dessas pessoas, para então, estabelecermos critérios e compreendermos melhor a exposição às substâncias carcinogênicas”, observa Maciel.

Para ela, a grande preocupação é que quando se trata de câncer relacionado ao trabalho, há uma notificação compulsória, diferente do câncer, onde não há a presença de notificação.

O diretor técnico da Fundacentro, Jófilo Moreira Lima, coordenador da mesa, fez uma exposição sobre os principais cancerígenos ocupacionais e apresentou o trabalho que a instituição vem realizando, especialmente no combate ao câncer ocupacional, como é o caso do Programa Nacional de Eliminação da Silicose, coordenado pela entidade.

Silvana Rubano do Instituto Nacional do Câncer, observa alguns desafios que se impõem para o combate ao câncer. Uma delas, apontada pela pesquisadora, pode ser o controle da exposição ocupacional e a proibição quanto ao número de substâncias químicas proibidas, sendo que atualmente, somente 4 delas são vetadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Além disso, as neoplasias ocuparam a 2ª. causa de morte, representando 16.7% em 2007, ocupando o primeiro lugar, o câncer de pele; em segundo, próstata, em terceiro, mama; em quarto lugar, câncer de pulmão, em quinto, cólon e reto; em sexto, estômago e em sétimo lugar, o câncer de colo do útero.

Ainda segundo dados abordados na pesquisa da especialista em saúde coletiva, o câncer relacionado ao trabalho registrou 18 mil novos casos no Brasil nos anos de 2008 e 2009 (incluindo o ano de 2009).

Saiba mais sobre a apresentação da Fundacentro sobre cancerígenos ocupacionais, clicando aqui.

Fonte: Fundacentro - 9/10/2009

Nenhum comentário:

Postar um comentário